Antes de tudo, vamos a sinopse para apresentar a obra para quem não conhece:
Em uma pacata cidade rural, os holofotes de um time de futebol do ensino fundamental se concentram em um jogador: Ashito Aoi. Conhecido por seus movimentos imprevisíveis e estilo de jogo egocêntrico, Ashito é o único jogador de destaque que impulsiona seu time em um importante torneio preliminar do ensino médio. No entanto, a sequência de vitórias dura pouco — um adversário faz com que Ashito perca a cabeça e aja violentamente, resultando em sua expulsão do restante da partida.
Sem seu jogador estrela, o time é rapidamente eliminado do torneio. Quando já acredita que toda a esperança está perdida, Ashito é abordado por um técnico de um time juvenil chamado Tatsuya Fukuda, que percebe seu potencial e o convida para testes em Tóquio. Em um ambiente desconhecido, cercado por talentos, Ashito precisa mostrar o seu melhor para provar seu valor e garantir o que pode ser uma carreira transformadora.
Ao Ashi é muito mais do que um simples anime de esporte — ou de futebol. Entre tantas obras do gênero, ele sem dúvida está no panteão dos melhores mangás esportivos já feitos. E não é exagero: Ao Ashi entrega algo que poucos animes de futebol conseguem entregar.
O motivo é simples: Ao Ashi não romantiza nada.
Ele mergulha no futebol de base e mostra a realidade crua que esse mundo carrega — a pressão, o medo do fracasso, a falta de espaço, a competição desigual e o peso de tentar ser alguém em um cenário que te engole vivo.
E justamente aí está o verdadeiro charme da obra.
Não vemos apenas adolescentes tentando vencer um torneio escolar.
Vemos jovens correndo atrás de um futuro real, lutando por uma chance em um mundo cruel e extremamente competitivo, que não pensa duas vezes antes de esmagar quem não consegue acompanhar o ritmo. Esse foco torna Ao Ashi único entre os animes de futebol.
O mangá é brilhante em transformar cada etapa desse processo em algo grandioso, cheio de significado, evolução e aprendizado — tanto para nós quanto para os personagens que buscam desesperadamente realizar seus sonhos.
Sem entrar em spoilers, quem já leu sabe:
a partida final contra uma certa equipe famosa é o ápice da mensagem de Ao Ashi. É ali que o mangá escancara a realidade das categorias de base, o peso colocado sobre jovens jogadores e a forma como muitos são tratados dentro desse sistema.
É um verdadeiro espetáculo de escrita. Dá pra sentir como o autor pesquisou, observou, viveu e colocou tudo no papel com uma precisão quase dolorosa.
E como um fanático por futebol, eu não poderia ficar mais feliz ao ver esse esporte retratado em sua forma mais pura — e em muitos momentos, profundamente bela.
